8.5.09

Deficiência mental ou moral?

O filme Uma Lição de Amor conta a história de Sam Dawson (Sean Penn), um homem com deficiência mental que cria sua filha Lucy (Dakota Fanning) até os 7 anos. A partir dessa idade, Lucy começa a ultrapassar intelectualmente seu pai e esta situação chama a atenção de uma assistente social que acredita que Sam não seja capaz de educar e cuidar da menina. E para ficar com a filha e vencer esse caso, Sam conta com a ajuda da advogada Rita Harrison (Michelle Pfeiffer), uma mulher que vive alguns conflitos familiares como a dificuldade de lidar com o filho e se vê em um caso o qual ela mesma tem dificuldade de lidar.
Esse filme traz uma questão interessante que me faz pensar até que ponto uma pessoa com deficiência é incapaz de realizar algo? Em muitos casos, há a necessidade de que contem com a ajuda de outras pessoas, como Sam, que cuidou muito bem de Lucy até os 7 anos, porém, ainda assim, precisou da ajuda de outras pessoas para educá-la, o que é normal, uma vez que muitos pais tem dificuldade de cuidar e ensinar seus filhos.
Me pergunto se não julgamos precipitadamente as pessoas, não importa que tipo de deficiência ela tenha, são pessoas como outras quaisquer, com capacidades talvez limitadas em um aspecto, porém desenvolvidas em outro, pessoas com vontades e desejos. Entretanto, existe um preconceito que nos impede de enxergar suas qualidades e tratá-las da forma como realmente merecem, respeitando-as e amando-as.
O próprio filme traz conflitos de outros personagens, como a advogada que enfrenta dificuldades para lidar com o filho, com os colegas de trabalho e até com o próprio companheiro. Quantas pessoas não enfrentam problemas e não sabem lidar com eles? Quantas pessoas não têm capacidade para realizar algo, seja um trabalho, uma tarefa que aos olhos de outro é muito simples? Quantas pessoas não conseguem lidar com a própria família ou são desrespeitadas pelo companheiro, pelos filhos? Quantas vezes nos deparamos com pessoas que se sentem melhores que as outras porém, se desesperam diante do sofrimento, ou ainda, pisam naquelas que sofrem como se não tivessem coração ou vivessem dentro de uma bolha protegida por um campo de força? Às vezes me pergunto se não seriamos "nós" as pessoas com deficiência mental por julgarmos o outro da maneira como bem entendemos e como se fossemos melhores que qualquer um.
Vocês podem dizer: - Ah, é apenas um filme, tudo pode acontecer na ficção, é fácil. Concordo. Porém, a ficção serve também como um alerta ao que acontece na realidade.
Outros filmes como Raiman, Simples como Amar dentre tantos outros, apresentam pessoas com algum tipo de deficiência que são capazes tanto quanto qualquer outra. Acho muito válido que a realidade seja retratada dessa forma e por que não nos questionarmos em como podemos transformar a ficção em realidade? Por que não agirmos a favor da mudança, para algo que construa, algo a favor da sociedade e não em benefício próprio?
Quem é deficiente? Aquele que tem limitações por uma questão orgânica, neurológica ou psíquica ou aquele que age de formas limitadas por uma questão individualista, moralista, egoísta ou preconceituosa?

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