O "outro" contém certa magia, ao mesmo tempo sedutor e enigmático.
O "outro" é plural, apresenta múltiplos rostos.
Pode encantar ou desencantar.
Refletir sobre o outro é apaixonante e interminável.
Mas é preciso evitar que o outro seja reduzido a um termo genérico e neutro.
O “outro” ocluso é hermético, indecifrável e, mesmo quando fala, procura esconder-se.
É desconhecido, distante, estranho, participante de universo cultural inabitual.
O “outro” ameaçador inspira desconfiança, espalha medo e sugere risco.
O “outro” prepotente esmaga os subalternos e espolia o sangue dos mais fracos.
O “outro” violento é agressivo, revela atitude hostil e ação destrutiva. E tende a eliminar os desafetos.
O “outro” egocêntrico encastela-se em seus próprios interesses e não enxerga o sofrimento injusto dos que padecem necessidade.
O “outro” constrangedor coage a liberdade e bloqueia a comunicação.
Sartre analisa o olhar do Outro que inibe decisões e tranca pessoas na incomunicabilidade.
O “outro” rejeitado é discriminado, é excluído do emprego, da cultura, da saúde e da cidadania.
É o outro envergonhado.
O “outro” insensível não se abala perante os assassinatos, a fome, o desemprego, as crianças prostituídas.
O “outro” traiçoeiro derruba parceiros e abandona os aliados de ontem.
O “outro” cínico engana a sociedade, mas jura publicamente que está a favor do povo.
O “outro” diferente é original, inédito e revitaliza a comunidade com valores sólidos e com propostas fecundas.
O “outro” companheiro caminha conosco por estradas planas ou esburacadas.
E acompanha-nos sem ter marcado encontro, diz Aldo Gargani.
O “outro solidário” é a pessoa com quem se pode contar nas horas de alegria e também de angústia e desespero.
O “outro” aliado assume as causas legítimas daqueles que lutam para que a justiça alicerce a nova sociedade em estrutura igualitária.
O “outro” movido pela esperança avança sempre, sem jamais desistir ou recuar.
O “outro” audacioso suscita coragem, remove barreiras e limpa o horizonte embaçado por temores.
O “outro” emancipatório descativa pessoas aprisionadas por tantas formas de servidão.
O “outro” honesto não se vende a barganhistas nem se deixa enlamear por tramas corruptas.
O “outro” autêntico é reserva de humanismo e compromete-se radicalmente com a dignidade humana.
O “outro” dialogal fundamenta a intersubjetividade.
O “outro” fraterno é habitado pela caridade transparente, como diz Levinas, e não se acumplicia com práticas anti-sociais.
O “outro” interpelador acorda consciências anestesiadas para que definam o rumo de seu futuro.
O “outro” evangélico é capaz de sacrificar-se para que outros sofram menos e tenham o necessário para sobreviver.
Não podemos esquecer que também cada um de nós é um “outro” para os outros.
E poderíamos perguntar-nos que espécie de “outro” temos sido para os demais outros.
Ser “outro” é responsabilidade.
É interessante pensar nessa questão: "quem sou eu"?
Quando fazemos essa pergunta para nós mesmos, muitas vezes descrevemos nossas qualidades (obviamente), alguns defeitinhos, não muitos, né? hehe. Nossa personalidade, o que fazemos, o que gostamos, etc...
Mas você já parou pra pensar quem você realmente é? Quem você é na essência e o que o torna a pessoa que é?
Já pensou que somos aquilo que o "outro" quer pra nós, ou que somos um pouco daquilo que o "outro" vê?
Parece estranho não é mesmo? Mas faça um teste. Pergunte separadamente a 3 ou 4 amigos ou pessoas de seu convívio como cada uma delas o vê. Você descobrirá quantos "Eus" existem em você aos olhos dos "outros".
Esse é um exercício muito interessante de se fazer, pois reflete quem você é, você consegue enxergar melhor os aspectos que transmite para as pessoas, tanto os positivos quanto os negativos.
Não que você deva se preocupar com o que os outros pensem de você, não é isso que estou dizendo, por favor, não me entendam mal. O que quero dizer é que essa é uma forma interessante de se conhecer, de avaliar que aspectos de sua essência são transmitidos para os demais. Cada pessoa tem uma percepção sobre você, e o bacana disso tudo é que por meio dessa "brincadeira" você consegue enxergar se aquilo que o incomoda ou que lhe desagrada em você mesmo é passado para "o outro" e como você pode melhorar isso. Repito, não quero aqui dizer que você deva se preocupar com o que "o outro" pensa a seu respeito, mas se algo que incomoda você é refletido para o externo, se isso o incomoda deve ser melhorado.
Então...que tal começar esse exercício agora? Pergunte ao seu amigo aí do lado como ele o vê, que percepção tem de você...
Boa sorte!
Escusado seria dizer que adorei esse post... É "O Outro" é tudo isso aí. Obrigado por me seguir (mesmo tendo que transpor um enorme Oceano). Gostei do que vi por aqui. Voltarei.
ResponderExcluir`
* e que saudades de Sampa...
Obrigada por sua visita Sérgio e fico feliz que tenha gostado.
ResponderExcluirAdorei o seu blog, faço questão de "transpor o Oceano" para segui-lo...rsrs. Parabéns, as imagens dizem mais do que mil palavras
Um abraço,
Dri